domingo, maio 14, 2006

Conto de carnaval nº 2

Dentro do cordão, entoa o samba tímido na decadencia.Carnaval não se vê, nem dor.Pensa longe pela pista passos, uns sambas que desafiam o peito a desmascarar, mas logo mantem o baile, ninguém vai saber e se bebe o que se tem no copo, mantendo o que se tem no corpo adormecido, melhor não tratar dessas coisas, adeus bahia, e se sabe do cordão e do tesouro, o baile por fim acabará e o carnaval na quarta feira, cinzas e densengano.

Cordão

Onde já não tem meu tamanho, mentira d' água diluida em sede. Pensamos planos pré montados, não dizer teu nome as paredes completas de silêncio e som, vejo já em outros carnavais, a tua fantasia, teu mestre sala rodando no ritmo da sangria de um carnaval. O que me assusta e mete medo, dentro de palavras que você não diz. E sumo dentro do que me cabe longe. Ainda é cedo e mal começo a ver que do cinismo aprendi a dor que em suspiro calmo te parece amor. E das tuas raizes, pelo teu canteiro avencas. Cores de ser humano desconhecido num preto e branco de lambe-lambe, teu 3x4, e me repito: tudo que acho guardo.Meu cada passo mais curto e pequeno, é dentro de outros litros que ocupo o espaço que o ar me ausenta, eu vejo e de fantasia e festa passo reto, sempre se promete nunca falar da dor e se entoa o samba, olha pra avenida e pensa no cordão.